Teoria de Mudança

Artigos - 21 de maio de 2022

Um Facilitador Criativo é capaz de criar um ambiente de aprendizagem que é rico em três características centrais:

Segurança emocional, liderança compartilhada entre adultos e jovens e um ambiente de desafios saudáveis. 

 

Nós imaginamos um mundo no qual todas as pessoas vivam vidas criativas e com propósito

Jamais serei a mesma. Foi mágico,” disse Kanisha, de 15 anos, ao abraçar sua mãe quando voltava do acampamento Power of Hope – um programa de liderança jovem conduzido pela Partners for Youth Empowerment (PYE). Sua mãe observou (e nos contou depois) mudanças positivas de comportamento e atitudes sobre si mesma de formas que ela não imaginava possível. “Ela pelo menos agora conversa comigo – muito – e isso não é pouca coisa!”

Na PYE, quando aplicamos os princípios e práticas do Modelo de Empoderamento Criativo para desenhar e conduzir experiências potentes e transformadoras, nós concretizamos a referida “mágica” em vivências de impacto duradouro.

Acreditamos que programas transformadores – experiências de aprendizado que aumentam o conceito do que é possível para a vida de jovens e de seu mundo – são fundamentais para o desenvolvimento saudável da juventude. “Todo jovem precisa e merece experiências de vida transformadoras” – escreveu o co-fundador da PYE Charlie Murphy, “e fazer isso acontecer nunca foi algo de outro mundo ou Bicho de Sete Cabeças?

 Qual o ingrediente mágico que gera esses resultados transformadores?

 O Modelo de Empoderamento Criativo integra três pilares de prática – o aprendizado experiencial, técnicas de facilitação de grupos, e o uso intencional de práticas artísticas. Enquanto o aprendizado experiencial e técnicas de facilitação de grupos são utilizados amplamente em diversos contextos, ao adicionar o uso intencional de modalidades artísticas nessa receita, nós a tornamos única. “É através da expressão imaginativa que nos conectamos com nossa criatividade, um dos superpoderes humanos e um elemento chave para desenvolver o conceito de empoderamento,” afirma a co-fundadora da PYE Peggy Taylor.

No mundo da PYE, todo ser humano é criativo. Ao invés de sustentar a visão de que a criatividade está relacionada à produção artística ou à inovação social, nós definimos criatividade como a habilidade de imaginar possibilidades, e de concretizá-las no mundo. Em seu livro Confiança Criativa (Creative Confidence), Tom e David Kelley, fundadores do Instituto IDEO afirmam: “A Criatividade não é um dom raro, que somente poucos podem usufruir – é um processo natural do pensamento e comportamento humano.” A questão não é se somos ou não criativos, mas sim o quanto conseguimos acessar nossa criatividade. Os irmãos Kelly dizem ainda: “Em muitos de nós, ela é bloqueada. Mas o ato de desbloquea-lá pode ter resultados amplos e importantes para você, sua organização e sua comunidade.

Ao reconhecermos e ganharmos confiança em nossa criatividade, desenvolvemos o que psicólogos e educadores chamam de auto-eficácia (self-efficacy) – a crença em nossa habilidade de afetar o mundo ao nosso redor de forma positiva. E isso, nos leva ao empoderamento, que conforme nossa definição é a habilidade de viver a vida que imaginamos para nós mesmos, nossas comunidades e o mundo. Através disso, trabalhamos por um mundo no qual cada jovem possa participar de experiências transformadoras que os ensinam competências para vida e desenvolvam seu empoderamento.

E esse processo começa com adultos.

 Um relatório recente encomendado pelo Aspen Institute identificou a falta de capacitação profissional para educadores como um gargalo crítico para a implementação eficaz de programas de educação sócio emocional para seus alunos. “Se nosso objetivo é que crianças e jovens adquiram autoconhecimento e apreciem as perspectivas dos outros, desenvolvam efficacy e demonstrem integridade, educadores dentro e fora das escolas precisam exemplificar esse comportamentos em suas esferas de convivência. ” enfatizou o relatório do Instituto. O empoderamento apropriado de educadores para desenvolverem tais competências sócio emocionais não é somente essencial, mas também melhora seu bem-estar.

Assim, nossa Teoria de Mudança começa com o treinamento de adultos. Na PYE, os próprios adultos experimentam processos transformadores que aumentam sua auto eficácia. Eles aprendem princípios e práticas para apoiar jovens a desenvolverem sua própria auto eficácia. Por consequência, aprendem a criar ambientes de aprendizagem que engajam os jovens, nutrem sua criatividade, curiosidade, senso de conexão, e desenvolvem competências essenciais para a vida.

 Nossos treinamentos para adultos focam em quatro elementos:

– Aumento da Auto Eficácia (self-efficacy) através do engajamento com riscos criativos. Mesmo aquelas pessoas que nunca se consideraram criativas, se conectam com sua criatividade e experimentam uma sensação de empoderamento.

– O aprendizado de técnicas de facilitação de grupos, desenho de currículo, e aumento de repertório com atividades baseadas nas artes que constroem coesão no grupo e promovem habilidades socioemocionais.

– A prática de auto-reflexão que apoiam o crescimento pessoal e habilidades socioemocionais que permitem com que formem parcerias fortes com a juventude.

– Ressignificar a visão da juventude, reconhecendo e ampliando suas qualidades, ao contrário do foco em ter de consertá-lá. 

Características chave de Ambientes de Aprendizagem Transformadores: 

Através das formações para adultos da PYE, os participantes aprendem técnicas para desenhar ambientes de aprendizagem ricos em três características centrais para a promoção de transformação: segurança psicológica, liderança compartilhada entre adultos e crianças e nível saudável de desafio.

Segurança Psicológica: Adultos formados pela PYE aprendem técnicas criativas e estruturas de programa que desenvolvem ambientes de alta segurança psicológica e senso de comunidade, que por sua vez geram respeito e confiança no grupo. Quando jovens confiam e respeitam uns aos outros e a si proprio, são capazes de se expressar sem medo de julgamentos. Pesquisa conduzida por Amy Edmonson na Harvard Business School indica que segurança psicológica é a principal característica do bom desempenho de equipes. Assim como ecoado por um participante de nossos treinamentos: Eu aprendi técnicas muito eficazes para criar um recipiente seguro, no qual pessoas possam se sentir criativas, confiantes e vistas. Isso vai além da facilitação: é conexão, agency e a elevação da comunidade.

Liderança compartilhada entre adultos e jovens: Quando jovens se sentem psicologicamente seguros, eles se tornam mais abertos às ideias uns dos outros. Isso gera uma boa vontade e desejo de compartilhar liderança e poder. Nós nos referimos a essa característica como parcerias entre jovem e adulto e reconhecemos nos testemunhos dos jovens quando dizem que: “Eu me senti tão seguro com os adultos, e eu nunca me sinto assim com adultos.” Ou, “Eu gostei da zona livre de julgamentos. Todo mundo ali chegou do seu jeito, e isso estava ótimo.” 

Há cada vez mais dados que nos dizem que esses tipos de relações entre jovens e adultos contribuem para diversos resultados positivos no desenvolvimento de jovens, tais como agency, identidade, engajamento cívico, saúde mental, e melhoria nas organizações e comunidades. 

O Modelo do Empoderamento Criativo nutre esse tipo de parceria entre jovem e adulto ao fornecer a ambos os grupos uma linguagem comum — a linguagem da imaginação, através da participação conjunta em atividades baseadas nas artes. Um professor da série Sala de Aula Criativa colocou dessa forma: Eu vou ouvir mais meus alunos, vou me mover junto com eles ao invés de sempre tentar liderá-los. Tem menos a ver com aprender uma habilidade e mais a ver com a criação de um espaço onde possam explorar sua criatividade e suas … com segurança.

Nível saudável de desafio: O terceiro e último aspecto de ambientes de aprendizagem eficazes é o desafio saudável. Nós oferecemos isso através de uma diversidade de atividades baseadas nas artes que oferecem a todos no grupo, jovens e adultos, a oportunidade de correr níveis cada vez mais altos de riscos criativos. Um desafio criativo inicial pode ser – por exemplo – decorar um crachá. Na sequência, construímos um ritmo em grupo, e depois jogamos jogos de improvisação teatral para aprender nomes. Cada vez que uma pessoa se coloca no grupo e é afirmada e apreciada, sua confiança cresce. Ganham coragem para tomar riscos cada vez maiores. E mais cedo que imaginamos, um jovem extremamente tímido e introspectivo pode se ver alegremente apresentando uma poesia para um grupo de pares em uma de nossas sessões. Conforme os participantes se sentem aceitos, apoiados e testemunhados, se tornam mais dispostos a dizer sim e experimentar coisas novas. Nesse processo, descobrem talentos escondidos e desenvolvem a coragem de participar mais inteiramente em seus contextos. 

No livro, In Search of Deeper Learning, os pesquisadores Jal Mehta e Sarah Fine afirmam que A geração de jovens crescendo hoje terá de navegar, sobreviver e se puderem, ajudar a curar o mundo que herdaram (p11). Acreditamos que a criatividade e a efficacy – uma combinação de confiança na sua própria criatividade e no poder de agir no mundo é fundamental para cumprir essa missão. Por isso nós apostamos no preparo de adultos com as ferramentas e habilidades para criar ambientes de aprendizagem que nutrem essas qualidades nos jovens. Nossa teoria de mudança explica porque nosso model resulta em impacto transformador. 

Participe de nossos eventos! Entre em contato. 

Autores do texto original Andrew Nalani, Nilisha Mohapatra e Peggy Taylor

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